O SETOR DE ENERGIA PASSA POR GRANDES DESAFIOS. E COMO FICA VOCÊ, CONSUMIDOR?
A DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA E A MICROGERAÇÃO DE ENERGIA PODEM SER A SAÍDA PARA O SEU CONSUMO.
De combustíveis fósseis a fontes renováveis. Seja qual for o segmento analisado, poucos países ao redor do mundo têm o potencial energético do Brasil. Mesmo assim, nos últimos anos o setor de energia elétrica opera de maneira instável. As usinas hidrelétricas, principal fonte de geração de energia, têm reservatórios em níveis preocupantes e o uso de mais termelétricas para garantir energia faz a conta disparar. Só no primeiro semestre deste ano, os consumidores pagaram R$ 1,2 bilhões de bandeira tarifária. Para não serem reféns deste cenário, cada vez mais pessoas e empresas assumem o papel de geradores de energia. A seguir, o InfoMoney apresenta um panorama do cenário atual, as perspectivas para o futuro e as saídas propostas por especialistas.
A Matriz [não tão] exemplar 
O Brasil é referência em geração de energia de fontes renováveis, mas elas não impedem o país de enfrentar problemas — sobretudo com a intermitência na geração 
GERAÇÃO de energia elétrica
O setor de energia elétrica brasileiro é diferente de qualquer outro no mundo. Enquanto a maioria dos países luta para ter uma geração de energia oriunda de fontes limpas (água, sol, vento, biomassa), o Brasil tem mais de 60% de sua geração fundamentada em recursos hídricos. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são 260 gigawatts (GW) de potencial hidráulico — o que coloca o país entre os cinco maiores do mundo nesse quesito.
As usinas hidrelétricas do país são divididas basicamente em dois tipos: as que possuem grandes reservatórios e as “a fio d’água” — modelo da maioria das usinas inauguradas no país desde os anos 1990. Neste segundo modelo, as turbinas são colocadas próximas à superfície para gerar energia com a velocidade do próprio rio. Com isso, não há a formação de reservatórios para estocar a água — única maneira de poupar energia elétrica para os períodos de seca como o que o Brasil vive atualmente.
O preço da energia e a intermitência
Desde 2014 o país enfrenta crises hídricas que tem levado os reservatórios brasileiros a níveis baixíssimos. Os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) do fim de agosto mostram que o subsistema do Sudeste e Centro-Oeste, que é responsável por cerca de 70% de toda a energia produzida no país, está com pouco mais de um quarto de seu volume útil. 

Para evitar interrupções no fornecimento, o ONS tem um trunfo: ligar algumas das usinas termelétricas, que não dependem de condições climáticas para funcionarem. Além de aumentarem as tarifas de energia, porque possuem custos de operação mais elevados, as termelétricas utilizam fontes fósseis como carvão, gás natural e diesel, derivado do petróleo.  

As que são movidas a carvão, embora cruciais para manter o abastecimento, são pouco modernas e poluentes. “Hoje não corremos o risco do desabastecimento, mas o preço que se paga por isso, com a utilização das termelétricas, é muito alto”, afirma Paulo César Fernandes da Cunha, consultor do Centro de Estudos de Energia da Fundação Getúlio Vargas.
Desde 2014 o país enfrenta crises hídricas que tem levado os reservatórios brasileiros a níveis baixíssimos. Os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) do fim de agosto mostram que o subsistema do Sudeste e Centro-Oeste, que é responsável por cerca de 70% de toda a energia produzida no país, está com pouco mais de um quarto de seu volume útil.
Para evitar interrupções no fornecimento, o ONS tem um trunfo: ligar algumas das usinas termelétricas, que não dependem de condições climáticas para funcionarem. Além de aumentarem as tarifas de energia, porque possuem custos de operação mais elevados, as termelétricas utilizam fontes fósseis como carvão, gás natural e diesel, derivado do petróleo.
As que são movidas a carvão, embora cruciais para manter o abastecimento, são pouco modernas e poluentes.  “Hoje não corremos o risco do desabastecimento, mas o preço que se paga por isso, com a utilização das termelétricas, é muito alto”, afirma Paulo César Fernandes da Cunha, consultor do Centro de Estudos de Energia da Fundação Getúlio Vargas.
O preço da energia
Valores variaram por conta da crise hídrica e do uso de termelétricas.
Abaixo o preço em reais por megawatt-hora (R$/MWh)
Ao mesmo tempo em que os preços sobem, o consumo de energia elétrica cresce. O ONS estima que o consumo deve aumentar 20% entre 2018 e 2022. Juntamente com o consumo, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) revela que a expansão do sistema deve favorecer fontes intermitentes de energia, que dependem de condições climáticas. Além das hidrelétricas a fio d’água, entram nessa lista a geração de energia eólica e solar.
“Isso faz com que o sistema passe a operar com uma característica sazonal marcante, definida pela disponibilidade dos recursos naturais e com enorme dificuldade de estocar nos momentos de excesso para utilização nos momentos de escassez”, afirma o documento da EPE. Com isso, aumenta a necessidade de empresas e consumidores repensarem como podem se preparar para esse cenário.
Consumo crescente 
Mais energia intermitente
o consumidor gerador
Desde 2012 a Aneel permite que o consumidor brasileiro, seja ele pessoa física ou jurídica, gere energia a partir de fontes renováveis como solar, eólica e de biomassa ou de geração qualificada. É a chamada Geração Distribuída ou Dispersa (GD).
Hoje, o país possui mais de 37.000 sistemas de geração distribuída, totalizando 443.905 kW de potência instalada. Segundo estudos da EPE, o Brasil deve chegar a 800 mil sistemas instalados em 2026. “É uma tendência mundial. Na Alemanha há mais de 1,6 milhão de sistemas instalados e somente no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, já ultrapassa os 700 mil”, afirma Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída.

Ao aderir ao mercado, o prosumidor (como é conhecido o consumidor que se torna produtor de energia) altera o início de toda a cadeia produtiva de energia. No modelo tradicional, a energia é gerada por uma empresa especializada, que passa essa energia às transmissoras pelo sistema tradicional de transmissão até chegar às distribuidoras que farão a divisão entre todos os consumidores.
Com a ascensão da geração distribuída, o caminho da energia se torna mais complexo, multidirecional e descentralizado. A energia gerada pelo consumidor vai diretamente para a distribuidora local. A distribuidora, por sua vez, redireciona essa energia para onde ela é mais necessária e tudo o que foi gerado é abatido sob a conta de luz do consumidor que a produziu.

No fim do mês, esse consumidor irá pagar apenas a diferença entre o que gerou e consumiu. Caso a geração seja maior do que o consumo, ele terá créditos energéticos com validade de 60 meses, que poderão ser utilizados quando consumir mais do que gerou. Isso significa que a rede de distribuição funciona como uma bateria, armazenando o excedente até o momento em que a unidade consumidora necessite de energia.
Hoje, o país possui mais de 37.000 sistemas de geração distribuída, totalizando 443.905 kW de potência instalada. Segundo estudos da EPE, o Brasil deve chegar a 800 mil sistemas instalados em 2026. “É uma tendência mundial. Na Alemanha há mais de 1,6 milhão de sistemas instalados e somente no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, já ultrapassa os 700 mil”, afirma Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída.
Ao aderir ao mercado, o prosumidor (como é conhecido o consumidor que se torna produtor de energia) altera o início de toda a cadeia produtiva de energia. No modelo tradicional, a energia é gerada por uma empresa especializada, que passa essa energia às transmissoras pelo sistema tradicional de transmissão até chegar às distribuidoras que farão a divisão entre todos os consumidores.

Com a ascensão da geração distribuída, o caminho da energia se torna mais complexo, multidirecional e descentralizado. A energia gerada pelo consumidor vai diretamente para a distribuidora local. A distribuidora, por sua vez, redireciona essa energia para onde ela é mais necessária e tudo o que foi gerado é abatido sob a conta de luz do consumidor que a produziu.
No fim do mês, esse consumidor irá pagar apenas a diferença entre o que gerou e consumiu. Caso a geração seja maior do que o consumo, ele terá créditos energéticos com validade de 60 meses, que poderão ser utilizados quando consumir mais do que gerou. Isso significa que a rede de distribuição funciona como uma bateria, armazenando o excedente até o momento em que a unidade consumidora necessite de energia.
A Geração Convencional e a Geração Distribuída se complementam, porém, a Geração Distribuída pula etapas da Geração Convencional. Veja abaixo:
GERAÇÃO
CONVENCIONAL
USINA
Consumidores são atendidos pela distribuidora de energia de sua região
TRANSMISSÃO
DISTRIBUIDORAS
As distribuidoras vendem a energia a uma tarifa regulada pela Agência Nacional de Energia Elétrica
CONSUMIDOR FINAL
Empresas (comerciais e indústria) e consumidores residenciais
GERAÇÃO
DISTRIBUÍDA
USINA
TRANSMISSÃO
gerador
Casas ou empresas podem ser geradoras
DISTRIBUIDORAS
Distribui energia para o gerador consumidor.
CONSUMIDOR FINAL
 Excedente é distribuído para outros consumidores e prosumidor recebe crédito
Para se tornar um produtor, o consumidor pode buscar uma empresa que oferece consultoria para montar todo o projeto de desenvolvimento de um Sistema de Energia Distribuída. Para que seja um projeto bem sucedido, é necessária a avaliação da realidade específica do local onde será produzida essa energia. Somente após estudadas as condições do local é que se pode definir, com certeza, qual a fonte de energia mais indicada (painéis solares, turbinas eólicas, geradores a biomassa), a melhor tecnologia dos equipamentos, porte da unidade consumidora e da central geradora e as condições de pagamento do projeto – todos fatores críticos para um sistema sustentável, rentável e perfeitamente adequado a realidade do consumidor. 

Há ainda a possibilidade de tocar um projeto como este em grupo. A Aneel permite a instalação de geração distribuída em condomínios (para ser repartido entre os condôminos) ou ainda a criação de um consórcio ou uma cooperativa que faça microgeração e reparta a energia gerada para redução das faturas.,

Para que a geração distribuída tenha sucesso, um ponto fundamental a ser desenvolvido no Brasil é o aperfeiçoamento do uso da tecnologia no sistema de energia elétrica. Cresce no mundo todo o uso das chamadas smart grids (redes inteligentes), que são redes de distribuição dotadas de recursos de Tecnologia da Informação.

Parte do benefício das smart grids é auxiliar na gestão da energia distribuída. Ao conectar os medidores de energia com sistemas de geração de energia, incluindo fontes intermitentes como a eólica ou solar, elas possibilitam um perfeito funcionamento de sistemas cada vez mais complexos em sintonia com todo o sistema elétrico.

Para se tornar um produtor, o consumidor pode buscar uma empresa que oferece consultoria para montar todo o projeto de desenvolvimento de um Sistema de Energia Distribuída. Para que seja um projeto bem sucedido, é necessária a avaliação da realidade específica do local onde será produzida essa energia. Somente após estudadas as condições do local é que se pode definir, com certeza, qual a fonte de energia mais indicada (painéis solares, turbinas eólicas, geradores a biomassa), a melhor tecnologia dos equipamentos, porte da unidade consumidora e da central geradora e as condições de pagamento do projeto – todos fatores críticos para um sistema sustentável, rentável e perfeitamente adequado a realidade do consumidor.
Há ainda a possibilidade de tocar um projeto como este em grupo. A Aneel permite a instalação de geração distribuída em condomínios (para ser repartido entre os condôminos) ou ainda a criação de um consórcio ou uma cooperativa que faça microgeração e reparta a energia gerada para redução das faturas.,
Para que a geração distribuída tenha sucesso, um ponto fundamental a ser desenvolvido no Brasil é o aperfeiçoamento do uso da tecnologia no sistema de energia elétrica. Cresce no mundo todo o uso das chamadas smart grids (redes inteligentes), que são redes de distribuição dotadas de recursos de Tecnologia da Informação.
Parte do benefício das smart grids é auxiliar na gestão da energia distribuída. Ao conectar os medidores de energia com sistemas de geração de energia, incluindo fontes intermitentes como a eólica ou solar, elas possibilitam um perfeito funcionamento de sistemas cada vez mais complexos em sintonia com todo o sistema elétrico.

com isso, o caos energético poderá, enfim, ser uma história antiga no país.
Oferecimento
Gostou? Então compartilha essa ideia!
CUSTOM JAVASCRIPT / HTML
CUSTOM JAVASCRIPT / HTML
CUSTOM JAVASCRIPT / HTML
InfoMoney é um parceiro do iG Economia

©2000-2018 InfoMoney. Todos os direitos reservados. InfoMoney preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

Importante: O portal www.infomoney.com.br (o "Portal") é de propriedade da Infostocks Informações e Sistemas Ltda. (CNPJ/MF nº 03.082.929/0001-03) ("Infostocks") e a revista Infomoney (a "Revista") é de propriedade da Money & Markets Editora Ltda. (CNPJ/MF nº 09.390.186/0001-07) ("Money & Markets"), sociedades controladas, indiretamente, pela XP Controle Participações S/A (CNPJ/MF nº 09.163.677/0001-15), sociedade holding que controla, dentre outras sociedades, a XP Investimentos Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários S/A (CNPJ/MF nº 02.332.886/0001-04) ("XP CCTVM") e a XP Gestão de Recursos Ltda. (CNPJ/MF nº 07.625.200/0001-89) ("XP Gestão" e, quando em conjunto com Infostocks, Money & Markets, XP CCTVM, as "Sociedades XP"). Apesar de as Sociedades XP estarem sob controle comum, os executivos responsáveis por Infostocks e Money & Markets são independentes e as notícias, matérias e opiniões veiculadas no Portal e na Revista não são, sob qualquer aspecto, direcionados e/ou influenciados por relatórios de análise produzidos por áreas técnicas da XP CCTVM e/ou da XP Gestão, nem por decisões comerciais e de negócio de tais sociedades, sendo produzidos de acordo com o juízo de valor e as convicções próprias da equipe interna da Infostocks e da Money & Markets.